A picture of you in your birthday suit,
You sat in the sun on a hot afternoon (…)
Picture book, a holiday in August,
Outside a bed and breakfast in sunny southend.
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The Kinks
A fotografia que sobrevive é uma história que merece ser tratada com o maior afecto.
Nasci em 1987 em Paris e mudei-me para Portugal com onze anos. Cultivei a minha sensibilidade artística desde cedo através de várias artes mas foi na fotografia que encontrei a minha linguagem e grande paixão.
O quotidiano é a minha melhor tela, sendo a street photography a esfera onde o meu olhar melhor desperta e de onde retiro as histórias mais pitorescas, ou pelo menos, as fotografias de que mais gosto.
Entre uma licenciatura em Relações Internacionais, um mestrado em Gestão, as mais variadas formações e vários cursos de fotografia e edição, considero-me uma eterna estudante e acredito que a vida é uma aprendizagem constante e que devemos sempre renovar os nossos conhecimentos e deixar-mo-nos levar por aquilo que nos faz feliz em determinada altura das nossas vidas. Neste momento dedico-me à arte de fotografar sem preconceitos, alternando a fotografia artística com fotografia imobiliária.
Apesar do que muitos possam achar, fotografar uma casa é um acto que exige sensibilidade. É como fabricar o lugar privado de uma pessoa. Tem de se ter em atenção cada detalhe e cada canto que tem uma vida própria e que conta uma história sobre o local onde essa pessoa vai passar parte da sua vida. No fundo é tentar invocar uma memória ainda por acontecer - naquele espaço em particular - e que o cliente se reveja nela.
Na relação com o quotidiano, a minha objectiva só aponta ao que já existe no olhar. O quadro ou a memória estão presentes antes de acontecerem, a máquina faz o resto.
No fundo aquela velha frase atribuída aos indígenas americanos, de que uma fotografia rouba a alma, não está longe da verdade. De alguma forma, eterniza a alma de um local ou de uma pessoa, ao mesmo tempo que também revela elementos que só existem no momento em que a fotografia é tirada. O momento é a fotografia. A luz, o movimento, a temperatura, no fundo, tudo o que condiciona o espaço e a fracção de tempo em que a fotografia é tirada. Há uma responsabilidade enorme envolvida nesse processo. A fotografia que sobrevive é uma história que merece ser tratada com o maior afecto.
A inspiração é algo que pode estar à espreita em tudo, desde o mais exíguo recanto do quotidiano até à mais incomensurável paisagem. Sendo uma caçadora voraz de novos horizontes, é a viajar que mais motivos encontro para popular o meu universo, procurando o momento certo como quem pudesse parar o tempo, para que as histórias se formem e se dilatem através da fotografia.